Nesta quinta-feira, dia 22 de setembro, é comemorado o Dia Mundial Sem Carro. A data surgiu em 1997, na França, e busca estimular as pessoas a deixarem seus automóveis (carros, motos e outros veículos motorizados) na garagem e refletirem sobre o uso excessivo dessas conduções particulares. A ideia é que, nesse dia, motoristas experimentem formas alternativas para se locomoverem pelas cidades.
Com o crescimento da urbanização e da industrialização no mundo todo, difundiu-se o uso do automóvel como principal meio de locomoção para a população. As pessoas utilizam esse instrumento para o deslocamento entre diferentes lugares e permitiram que o automóvel seja parte integrante do seu cotidiano. Para inúmeras pessoas é difícil pensar viver um dia sem carro.
O aumento na utilização de veículos facilitou a vida por um lado, mas trouxe inúmeros problemas por outro. O consumo de combustíveis traz, consequentemente, mais poluentes para a atmosfera, principalmente, o gás carbônico (CO2), considerado por muitos especialistas um dos principais responsáveis pela intensificação do efeito estufa e o agravamento do aquecimento global ocasionando também as mudanças climáticas e as catástrofes ambientais.
Motivados por esse cenário, que já existia na Europa desde o início da década de 1990, grupos ambientalistas e ativistas que lutavam por uma melhor mobilidade urbana criaram o Dia Mundial Sem Carro na França, em 1997. Era um movimento que reunia uma grande quantidade de pessoas preocupadas com o uso irrestrito do carro particular, o aumento da poluição, gastos com combustíveis e matérias-primas, dificuldades com o trânsito e, especialmente, uma reflexão sobre mobilidade sustentável que se espalhava nos países europeus. No ano 2000, mais de 750 cidades europeias aderiram a iniciativa, inclusive com a Jornada Internacional “Na Cidade, Sem Meu Carro”, criada pela União Europeia.
Conhecido internacionalmente, o arquiteto e urbanista, que também foi governador do Paraná e prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, destacou o problema do automóvel nas cidades, propôs alternativas para o seu uso e deixou muitos legados para a mobilidade urbana.
Ele também era conhecido pelas frases de efeito e as críticas ao uso crescente de carros como: “É o cigarro do futuro. Vai desaparecer em quase todas as partes. Se é preciso continuar fabricando carros para gerar emprego, serão para viagens e lazer, não para a cidade. Não há futuro urbano se o transporte depende de veículos particulares”. E, ainda: “Quando você alarga as ruas, estreita a mentalidade e destrói a história”.
Alguns de seus principais legados são: 1) RIT e BRT – o sistema de transporte público de Curitiba se tornou referência em todo o mundo, a Rua das Flores – o asfalto foi trocado por pedras e flores tornando um novo cartão postal para Curitiba e também o Parque Birigui – inaugurado em 1972, preservando em torno de 1,4 milhão de metros quadrados em áreas verdes, além de propor uma nova forma de pensar a mobilidade e lazer, esta obra auxiliou no controle de enchentes em Curitiba.
O movimento Dia Mundial Sem Carro no Brasil
No Brasil, o Dia Mundial Sem Carro chegou em 2001 e envolveu 11 cidades: Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas (RS); Piracicaba (SP); Vitória (ES); Belém (PA); Cuiabá (MT); Goiânia (GO); Belo Horizonte (MG); Joinville (SC) e São Luís (MA).
Em 2003, o debate alcançou as grandes cidades como a capital de São Paulo, localidade onde o uso de veículos motorizados e individuais combinado ao crescimento da população já exigiam um olhar atento aos problemas urbanos como congestionamentos e comprometimento da qualidade do ar.
Semana da Mobilidade
Na última segunda-feira, dia 19 de setembro, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram um protocolo de intenções para coletar informações com vistas à implantação de projetos de transporte público coletivo de média e grande capacidade nas regiões metropolitanas brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes. A ação é voltada à implementação da Estratégia Nacional de Mobilidade Urbana.
A parceria será válida por 12 meses a partir da publicação do protocolo de intenções na página oficial do MDR . Ela poderá ser renovada mediante a assinatura celebração de aditivo.
Na primeira fase da parceria entre MDR e BNDES, poderão ser elaborados estudos em 21 regiões metropolitanas do país que contam com mais de 1 milhão de moradores. Serão articuladas reuniões entre representantes das duas instituições e a implementação de ações de prospecção de informações junto aos entes subnacionais para averiguar a demanda dessas localidades por sistemas de metrô, trem urbano, veículo leve sobre trilhos (VLT) e Bus Rapid Transit (BRT). A partir desses levantamentos conjuntos, será construída uma carteira de projetos voltada a apontar as necessidades de investimentos para a implementação das ações, nos diferentes níveis de governo e, também, de origens privada e internacional.
O ato integra a programação da Semana da Mobilidade, organizada pelo MDR. As atividades seguem até a sexta-feira, dia 23.
Fonte: CAU/BR
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